Quando o assunto é a alfabetização dos alunos, com ensino e aprendizagem significativos, de maneira rápida e eficaz, têm por todos os docentes comprometidos com ação de ensinar, um especial carinho a atenção. E foi isso o proposto para a implantação do Método IntraAct Brasil na rede municipal de ensino. Podemos ir mais longe e afirmar que isso foi entregue aos profissionais da rede de ensino de Alta Floresta – MT.
O primeiro contato com o Método IntraAct se deu por meio das professoras Irene Mendes Duarte e Berenice Bisollo que procuraram a SME/AF no início do ano letivo de 2021 para apresentar um novo Método de Alfabetização. Na oportunidade a professora Berenice, coordenadora da E. M. Prof. Benjamim Padoa 2021, informou que a Professora Irene preocupada com o atual cenário da Educação e, apreensiva em relação aos impactos da Pandemia, buscou conhecer e desenvolver novas formas de alfabetização e, que em suas buscas encontrou o Método IntraAct desenvolvido por cientistas da Alemanha para trabalhar com alunos da Educação Especial, que propunha alfabetizar alunos em um menor tempo, comparado aos modelos atuais e que está sendo usado por todas as turmas de alfabetização da Alemanha e da Suíça.
Vislumbrada com a possibilidade de alfabetizar eficazmente em um menor tempo, entrou em contato com os criadores do método, mas especificamente com a Psicóloga Uta Streit, que se mostrou solidária com a procura e afirmou ter interesse em expandir e divulgar o método. Após entender angústia e a determinação da professora Irene propôs parceria para validação do Método no Brasil, oportunizando sua aplicação para a constatação da eficácia. Tal ação, proporcionou surgir uma parceria de superação e sucesso, onde a psicóloga Uta Streit disponibilizou para a Escola Municipal Professor Benjamim Padoa, na pessoa da professora Irene Duarte produzir os materiais necessários, o caderno do professor e do aluno, bem como acompanharia todo o processo e aplicação no decorrer do ano letivo de 2021.
A professora Irene com gratidão e esperançosa passou a vivenciar com a turma do 1º ano todas as orientações recebidas e buscou compreender as contribuições da Neurociência para a educação tomando nota, aferindo e sistematizando os resultados com o auxílio da Bióloga professora Drª Carolina Ortiz para a verificação da eficiência do Método e a sustentabilidade do processo. Todo esse comprometimento e busca resultou na percepção que, para as crianças aprenderem se faz necessário os educadores entenderem como o cérebro aprende e quais as regiões são acionadas de acordo com os estímulos e as vivências propostas, o que exige um dinamismo no fazer docente.
A cada encontro com a Professora Irene era visível a alegria no desenvolvimento de sua turma e a vontade de contar aos quatro cantos de Alta Floresta – MT e, até mesmo do mundo, como usar o método e ajudar aos professores a superar as dificuldades de aprendizagem e/ou de ensinagem que estejam vivenciando. Sempre muito motivada, a professora sempre fora incentivada a continuar o trabalho e levar aos demais profissionais.
Antes do encerramento do ano letivo, o sucesso da aplicação do método com os alunos e o contentamento das famílias, era esplendoroso, o que despertou interesse de outros profissionais que buscavam compreender o seu funcionamento e já nos questionavam enquanto Secretaria de Educação por que só a Escola Benjamin podia aplicar o Método. Então, era explicado que tratava-se de uma experiência e era preciso aguardar a liberação dos cientistas para a disseminação do Método e, ainda não era possível ensinar ou disponibilizar a aplicação. A professora Irene explicava que o Método era muito simples e consistia em aprender os sons das letras, falava da janela cognitiva e de algumas intervenções, mas que o processo era muito maior na prática. Tal Explicação nos remetia ao Método Fônico o qual é muito utilizado pelos professores do Atendimento Educacional Especializado – AEE e por alguns fonoaudiólogos, no entanto, era preciso esperar para aferir e estabelecer a relação.
Diante da procura e da certeza que o Método funcionava e com o aval da Psicóloga Uta Streit a professora Irene propôs para a Secretária de Educação Lucinéia Martins de Matos e o diretor de Políticas Pedagógicas Nilson Pereira da Silva a criação do Programa IntraAct Brasil para ser disseminado na rede. E novamente mais uma parceria de sucesso. Após realizaram apresentação ao prefeito Chico Gamba, onde obtiveram a aprovação e foi criada a Lei do Programa Alfabetiza Alta Floresta, que estabeleceu uma equipe de trabalho para a implantação do Programa na rede municipal. A equipe do Programa IntraAct Brasil, juntamente com os assessores do Departamento de Políticas Pedagógicas da SME/AF se desdobraram para pontuar as contribuições da Neurociência para a Educação. Dentre os estudos ganharam destaques: a importância de contar histórias, do desenho, da dança, dança circular, o manuseio do Tangran, os sons das letras, o desenvolvimento da leitura e da escrita sempre estabelecendo a importância da estimulação das diferentes áreas do cérebro. É isso mesmo, por se tratar de um programa dinâmico, composto por uma diversidade de áreas para serem exploradas. Com isso os professores passaram a aprender para ensinar, como é visto em Delors (1999, p. 89) “À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele” essa bússola é o Programa com o Método IntraAct. Um movimento grandioso foi vivenciado pela rede municipal de ensino, um ano atípico. Os professores não ficaram presos nas dificuldades advindas da pandemia, ou das deficiências, ou de transtornos e sim nas possibilidades de ensino.
Buscaram entender a forma que o cérebro aprende, como tornar o ensino prazeroso, automatizar a leitura e construir o conhecimento, de maneira não deixar nenhum aluno para trás. Logo, a rede vivenciou estudos e palestras com a importância da Neurociência e suas contribuições para a educação, bem como, uma infinidade de formação em relação a aplicação do Método e ainda plantões de atendimentos direcionados a todos os docentes que buscassem entender melhor o método e melhorar a sua prática.
Foi muito significativo poder acompanhar e vivenciar o método em diferentes momentos, como na sua testagem, implantação, organização, comprometimento, aplicabilidade e na colheita de resultados. A testagem: como já foi exposto, na turma do 1º ano da E. M. Prof. Benjamin Padoa.
A implantação para o sistema de ensino, o cuidado da Professora Irene no direcionamento da escrita do projeto e posterior da Lei, bem como a sua alegria com a aprovação e toda a organização da equipe, a qual escolheu com muito carinho e responsabilidade, afinal para entregar o que o método propunha precisava de pessoas comprometidas, amantes da educação e que abraçasse a causa. O comprometimento da Secretária de Educação Lucinéia Martins de Matos ao garantir que para a alfabetização nada faltasse, junto dos seus diretores de departamentos, onde todos se envolveram e proporcionaram os recursos necessários e muito empenho para o sucesso do Programa Alfabetiza Alta Floresta com o método IntraAct Brasil.
A aplicabilidade, as vivências em sala de aula como na turma do 2º ano – E.M. Professor Benjamin Padoa da professora Wancleia Batista Vilalva, com sua didática maravilhosa, dentro de uma sala numerosa consegue envolver a todos aplicando as orientações com maior riqueza e alegria em cada comando. No atendimento dos professores de Articulação especialmente da professora Joanice da Silva e Silva, onde com alegria e encantamento fez a diferença na aprendizagem dos alunos confiados a ela, e juntos das professoras das Salas de Recursos que, em diferentes momentos relataram a eficácia do Método e a realização ao verem seus alunos conquistando a fluência da leitura.
Ao ver os olhinhos brilhando e a empolgação do professor alfabetizador a mais de 20 anos professor Alberto de Sousa Dias, enfatizando que com a aplicação do Método todos os alunos aprenderam a ler, que estava encantado, que depois de vivenciar a experiência acredita que encontrou o caminho, a receita, e fortaleceu a sua prática. Da mesma forma, muitos outros profissionais na rede proporcionaram aos seus alunos, experiência fantásticas regadas de amor, carinho e muito dinamismo, com certeza um ano histórico para a educação de Alta Floresta.
Por fim a colheita, que depois de toda essa dedicação e envolvimento de toda a rede de ensino, vivenciamos o acompanhamento de fluência da leitura, sendo possível aferir o resultado e a alegria dos alunos que realizavam as leituras empoderados, confiantes e, claro, com alegria. Essa, com certeza. foi a melhor vivência de experiência com o Método. Durante o acompanhamento da Avaliação de fluência de leitura, ver a alegria das crianças com boa e excelente leitura, dentro de um processo dinâmico, sem exclusão, sem constrangimento, sem punição, isso não tem preço. Alfabetizar com amor é a receita do sucesso. Alfabetizar com o Método IntraAct Brasil é a certeza de que não haverá nenhum aluno a menos.
Luciana Amaral Machado
Andrea Viana de Souza
Departamento de Políticas Pedagógicas – SME
Referências
DELORS, Jacques (Coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. Cortezo. p. 89-102 São Paulo: 1999.
STREIT, Uta. Aprendendo a ler: segundo o método IntraAct: livro do professor – Belo Horizonte, MG. EducaEthos Escola de Formação Humana, 2022.